30 de abril de 2007

PPP e "Big Mac Index"


Caro leitor:


Dando continuidade à serie "O Brasil no Mundo", estou elaborando um artigo bastante elucidativo, contendo a análise de novos indicadores macroeconômicos. Procurando traduzir do "economês" para o português, apresentarei explicações simples para a interpretação de números e cálculos que costumam parecer complexos. Além disso, darei ainda algumas explicações a respeito do problema da cotação do real em relação ao dólar.

Desejo um ótimo feriado!


Frase da semana


"Magistrado por trás das grades é o flagrande da tragédia ética vivida pelo país".

Gaudêncio Torquato, em artigo,
para o jornal O Estado de S.Paulo


SUNDAY NEWS - Giro rápido

OUTRA VIDA
O Second Life deve repetir a febre nacional que ocorreu no Orkut. O Brasil é o primeiro país com versão nacional no espaço virtual e o real já pode ser convertido na moeda virtual, o Linden Dollar (L$). (veja como será a versão brasileira do Second Life, no álbum de fotos do IDG Now!)

EMPREENDEDORISMO
O 'Global Entrepreneurship Monitor' (GEM) é um indicador que reflete a capacidade empreendedora dos países, considerando o número de pessoas que abrem negócios. O Brasil ficou em 10º lugar na categoria. Peru, Colômbia, Filipinas, Jamaica e Indonésia são, respectivamente, os primeiros colocados.


PERFEITO IDIOTA

O genovês Guido Mantega, ministro da Fazenda, afirmou em entrevista ao caderno ECONOMIA do jornal O Estado de S.Paulo, que “não há obstáculos ao crescimento do Brasil”. Ele tem razão, contanto que se reduzam os impostos, que se reinicie o processo de privatização dos ‘dinossauros’ estatais, que seja feita uma limpeza no aparelhamento do estado, que se eliminem as travas da burocracia, que se modernizem os portos, que se possibilite o investimento privado em ferrovias, que a crise aérea encontre solução, que se reduzam os juros... e que o PT e todo o seu ‘bando de imbecis’ desapareça para sempre.


COITADOS

Enquanto todos os demais brasileiros se limitam a 13 salários, os parlamentares recebem 15 salários por ano. A remuneração mensal de R$16.512,00 dos deputados federais se transforma numa quantia nunca inferior a R$100.000,00, quando acrescida das demais ‘verbas’, às quais têm direito.


PARAR NO MERCADÃO

O Mercado Municipal de São Paulo (ver foto), que virou ponto turístico depois de revitalizado durante a administração da prefeita Marta Suplicy, finalmente, ganhará um enorme estacionamento. A área servia ao antigo Palácio das Indústrias e a ligação será feita através de uma passagem de nível sobre o rio Tamanduateí, entre o museu e o ‘Mercadão’.


CIDADE LIMPA

De acordo com o secretário municipal de Coordenação das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, até o fim de 2007, serão implodidos o Edifício São Vito e o Viaduto Diário Popular. Parece ser mais uma medida satisfatória do prefeito Gilberto Kassab (DEM), no sentido de “limpar” a cidade.


HABEMUS PAPAM

O blog Curva 1 divulgou notícia publicada no jornal Folha de S.Paulo, informando que a próxima etapa da Fórmula 1, que ocorrerá em Barcelona, no dia 13, coincidirá com a visita ao Brasil do Papa Bento 16. “Boa parte da corrida deverá ser exibida numa janela no canto da tela”, informa o blog. E sem narração, para não atrapalhar a missa... Será que o Galvão Bueno agüenta?


PERGUNTA

Por que o Exército pode escalar 3 mil de seus homens para proteger uma única pessoa – o Papa, em questão – e não pode disponibilizar nem um único Soldado para dar segurança a toda uma população, nas grandes cidades?


BOM EXEMPLO

O presidente Alvaro Uribe, da Colômbia, está conseguindo reduzir dramaticamente a criminalidade em seu país – onde atua a guerrilha comunista das FARC, em associação ao tráfico de drogas -, utilizando tropas das Forças Armadas.


O NOVO ALAN

Os números da economia peruana melhoraram consideravelmente desde a implantação de medidas liberalizantes pelo “reformado” presidente Alan García. Recorde-se que o Peru foi conduzido ao desastre durante o seu primeiro mandato, entre 1985 e 1990, quando estatizou o sistema bancário.
(CRÉDITO DA IMAGEM: BBC Brasil)


PERU CRESCE

A previsão de crescimento da economia do Peru, em 2007, é de 7,5%. A próxima grande vitória dos peruanos será a aprovação de um Tratado de Livre Comércio (TLC) com os Estados Unidos.


DEBATE INÉDITO

A TV francesa realizou um debate inédito na história da 5ª República (instalada em 1968), entre a finalista da eleição presidencial, Ségolène Royal, e um eliminado no primeiro turno, o centrista François Bayrou. Mme. Royal, contudo, não recebeu o aguardado apoio do terceiro colocado, para o segundo turno.


FUTURO MELHOR

O ex-primeiro ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, o candidato mais votado no primeiro turno da eleição presidencial na França, continua como favorito para vencer a eleição, no próximo domingo. A França, sexta economia do mundo, ainda é um dos últimos contrapontos à política liberal, na Europa. Esse cenário pode mudar com a eleição de Sarkozy.


FRASE

“Sou aposentado e vou receber 3,3% de aumento! O que vou fazer com tanto dinheiro?”

Klaus Weissenberg, no “Fórum dos Leitores”
em O Estado de S.Paulo.


27 de abril de 2007

EDITORIAL

Caro leitor:

Na próxima segunda-feira, dia 30, completaremos um mês de atividade. Nesse curto espaço de tempo, entre anônimos e conhecidos, a maior recompensa que obtivemos foi o comentário crítico. De acordo com o dicionário Houaiss, em sua primeira acepção, 'crítica' significa: “segundo a tradição, arte e habilidade de julgar a obra de um autor”.

Durante esse mês publicamos artigos que abordaram temas do cotidiano e procuramos acicatar o debate. Divulgamos avanços científicos e curiosidades, tratamos da questão da descriminalização do aborto, discorremos sobre o meio ambiente, analisamos aspectos da legislação e tecemos comentários sobre assuntos relativos à administração pública. Criticamos o "apagão aéreo" e defendemos a lei "Cidade Limpa” (de São Paulo). Religião e filosofia também ocuparam espaço para reflexão.

Divulgamos charges de artistas famosos e oferecemos links para artigos publicados em periódicos eletrônicos. Realizamos a tradução de textos inéditos em língua portuguesa – de revistas e de livros estrangeiros. Aos domingos, apresentamos a coluna “SUNDAY NEWS – Giro Rápido”, no intuito de permitir ao leitor inteirar-se, de forma resumida, de acontecimentos do Brasil e do mundo. Arriscamos até um pouco de nonsense poético.

Alguns amigos que visitaram o blog fizeram comentários elogiosos – em sua maioria, pessoalmente ou via e-mail. Felizmente, não houve ainda nenhum protesto mais acintoso quanto à apresentação ou ao conteúdo dos nossos textos. Assim mesmo, resolvemos aprimorar um pouco nosso layout e estabelecer algumas condutas. Como toda publicação, desejamos conquistar um público fiel de leitores.

Temos a absoluta convicção de que não será possível agradar sempre. Com efeito, esperamos, no mínimo, poder informar e incentivar o debate. Como professor, afirmo categoricamente: jamais aprendi mais do que com meus próprios alunos. Essa não é uma frase de efeito – revela a realidade e reconhece a importância dos interlocutores. Vale sempre lembrar o aforismo de Ralph Waldo Emerson: “Todo homem que encontro é superior a mim em algo; e nesse particular, aprendo com ele”.

Essa é a primeira vez que o titulo de um post é destacado em letras maiúsculas, pois trata de estabelecer um diálogo direto com o leitor. Um editorial expressa o ponto de vista de um redator-chefe ou de uma empresa jornalística. Assim, desejamos dar uma satisfação a respeito de nossas metas. Realizamos aqui, somente, um breve exercício de comunicação, mas a partir do momento no qual nosso trabalho se torna público, assumimos também responsabilidades.

Anunciamos, em destaque, uma ideologia democrata-liberal. Nossa oposição ao estatismo e às teses de esquerda “pré-queda do Muro de Berlim” é clara. Isso, porém, não significa a exclusão automática da parcela de leitores que comungue nos ideais ‘socializantes’, e que coadune identidade com a justiça social e com a diminuição do abismo que separa ricos e pobres, no Brasil e no mundo. Respeitamos boas intenções, contanto que os meios sejam sempre lícitos.

Ao aventurarmo-nos pela seara do jornalismo, escrevendo artigos e expressando opiniões, expomo-nos ao julgamento crítico. Na segunda acepção da palavra, o Houaiss define 'crítica' como “um exame racional, indiferente a preconceitos, convenções ou dogmas, tendo em vista algum juízo de valor”. É exatamente isso que esperamos de nossos caros leitores.

Assumimos compromisso com a atualização permanente, com a veracidade das informações e com a precisão dos dados divulgados. Somente quando não for possível publicar texto de nossa própria autoria, indicaremos matérias relevantes disponíveis na rede, através da sugestão de links.

Aproveitamos para reiterar convite para o envio de artigos e informações que julguem relevantes, enquadrados nos objetivos desse blog, que teremos a honra de publicar.

Boas leituras!


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26 de abril de 2007

No limiar da inépcia e da esperteza


A TRAGÉDIA DOS IMPOSTOS

Uma das opções de título para este 'post' era: "o cúmulo da burrice". Refletindo melhor, percebi que seria de enorme ingenuidade atribuir falta de inteligência à equipe econômica, do atual governo. Mais adequado seria chamá-la de ‘esperta’, na pior acepção da palavra.

A mais recente – e absurda – medida do ministério da Fazenda foi elevar a tarifa de importação de têxteis e de calçados, de 20% para 35%. A justificativa do ministro Guido Mantega é a proteção que se pretenderia dar à indústria nacional. O ministro e os seus asseclas, certamente, consideram os brasileiros 'verdadeiros otários'(!), diante de suas explicações.

Não nutrimos simpatias pela administração estatizante do presidente Lula da Silva e, muito menos, pela elevada carga tributária do Brasil: arrecadação de padrão europeu e aplicação dos impostos nos moldes subsaarianos. O aumento na alíquota de qualquer imposto sempre causa enorme repulsa. Recorde após recorde arrecadatório, “jamais na história deste país” - como adora dizer o presidente -, os contribuintes pagaram mais impostos em um mês de março. “Somente no Imposto de Importação houve um crescimento real de 26,9%, decorrente da elevação do valor em dólar dos produtos comprados no exterior”, conforme publicado, no dia 16, na Folha de S.Paulo.

Percebendo isso, o governo resolveu elevar ainda mais as já absurdas taxas, ciente de que as importações continuarão crescendo. Quem pagará por isso serão os consumidores, que vislumbrarão uma fatia maior da renda sendo transferida para o cofre da receita. O que adianta elevar o preço dos produtos importados se o preço dos nacionais continuará sendo mais elevado? – De forma ingênua, poder-se-ia pensar, o governo não tivesse avaliado a sua medida de forma adequada. Mas não é nada disso!

Em um ano e meio, 50 indústrias de calçados gaúchas fecharam. A única forma viável para “salvar” a empresa nacional é dando-lhe condições para que possa concorrer em igualdade de condições com a indústria global. Para isso, só existe um caminho: aquele que conduz para a diminuição da elevadíssima carga tributária, incidente sobre a produção e sobre a folha salarial.

A redução de impostos beneficiaria milhares de trabalhadores dos setores têxtil e de calçados, bem como as empresas e os milhões de consumidores. Todos precisamos de roupas e sapatos. Pagando menos taxas, o ganho da indústria seria mais elevado. Como conseqüência natural, mais trabalhadores seriam empregados e, em resposta à redução de preços, o consumo aumentaria. A própria concorrência estrangeira beneficiaria o consumidor e a indústria, não permitindo que a redução tributária implicasse somente um aumento nos lucros dos empresários: os preços teriam de ser reduzidos e a qualidade dos produtos elevada. Isso é denominado “ganho de produtividade”.

Para incrementar as exportações, prejudicadas pela desvalorização do dólar – que reduziu os ganhos em real -, bastaria reduzir alíquotas de impostos que incidem sobre a folha de pagamentos. Enquanto que a média dos custos patronais nos países chamados Tigres Asiáticos é de 11%, no Brasil a despesa de contratação de um empregado ultrapassa os 100% do salário nominal.

Mesmo o governo poderia ser beneficiado com a redução de alíquotas e a extinção de tributos. De acordo com o economista Marcos Cintra Cavalcanti, defensor do projeto do Imposto Único, em 2003, o estado de São Paulo diminuiu de 25% para 12% a alíquota do ICMS do álcool combustível e obteve um resultado surpreendente. A arrecadação do setor cresceu, de imediato, 7%. O Fisco paulista conseguiu atingir em cheio o seu principal alvo: a sonegação, até então alimentada pela alta alíquota do imposto.

Sob o manto da esperteza, pois alguns ingênuos ainda permanecerão achando que a elevação de taxas protegeria a indústria nacional da concorrência estrangeira, esse governo continuará enganando a população. Afinal, é preciso ter bastante dinheiro em caixa para pagar os funcionários que ocupam os mais de 24.000 cargos comissionados no governo federal. E quanto maior é a burocracia, mais fácil se torna a manutenção da corrupção. Nossa capacidade de discernimento tem sido gravemente subestimada.


25 de abril de 2007

Ponto de vista


Na América Latina, região na qual o aborto continua proibido na grande maioria dos países*, morrem por ano, cerca de
4 milhões de mulheres em função de complicações causadas pós-aborto. Por tratar-se de prática não autorizada pela lei, mulheres recorrem a clínicas clandestinas, em condições inadequadas. Especialistas estimam que ocorram, anualmente, 1 milhão de casos de interrupção de gravidez, no Brasil.


De acordo como o Ministério da Saúde, o aborto é a 4ª causa de morte de mulheres no país e a curetagem (coleta de restos de tecidos do útero) é o segundo procedimento obstétrico mais praticado nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS), superado apenas pelos partos. Em 2004, cerca de 244 mil mulheres foram atendidas para fazer curetagem ou tratar infecções pós-aborto no SUS.

O tema envolve convicções e dilemas de ordem moral e religiosa. Naturalmente, não são todos os que compartilham das mesmas convicções: nenhuma mulher, mesmo que tenha sofrido um estupro, jamais seria obrigada a interromper a gravidez se não o desejasse, como conseqüência da aprovação da descriminalização da prática.

Nem a igreja nem o estado deveriam interferir em decisões pessoais de cunho tão íntimo, como nessa questão. A aceitação de dogmas religiosos é uma opção individual. E o estado deve limitar-se a oferecer acesso universal à saúde com qualidade, sobretudo, àqueles que não possam pagar pelo atendimento médico particular.

Em editorial, o jornal Folha de S.Paulo, em 2005, já destacava: "enquanto mulheres de classes mais favorecidas recorrem a clínicas particulares e podem até mesmo procurar um país onde o aborto seja legalizado, as que pertencem aos setores de baixa renda são submetidas a situações que colocam em risco a sua saúde".

Na Europa Ocidental e nos Estados Unidos, o direito ao aborto legal e seguro foi conquistado na década dos 1970. Já está mais do que na hora de fazermos avançar nossa ultrapassada legislação, da década dos 1940.
Por tudo isso, defendemos, neste espaço, a legalização da prática do aborto.

* Na América Latina e do Sul, o aborto só é permitido em Cuba, em Porto Rico, na Guiana e na Guiana Francesa (submetida à legislação da França).



LEGISLAÇÃO SOBRE ABORTO NO MUNDO
mLEGENDA:
██ Legal
██ Legal em caso de estupro, riscos à saúde (físicos ou psíquicos) da mãe, indicação social ou deficiência irreversível do feto.
██ Ilegal com exceções em caso de estupro, risco de morte da mãe ou deficiência irreversível do feto.
██ Ilegal com exceções em caso de estupro e risco de morte da mãe.
██ Ilegal com exceção em caso de risco de morte da mãe.
██ Ilegal sem exceções.
██ De acordo com distinções religiosas.
██ Sem informações.















Leia abaixo notícia da BBC, sobre legalização do aborto na Cidade do México:

25 de abril, 2007 - 00h10 GMT
(21h10 Brasília)


Cidade do México aprova legalização do aborto

Depois de mais de sete horas de discussão, a Assembléia Legislativa da Cidade do México aprovou nesta terça-feira a legalização do aborto na capital mexicana.



A nova legislação vai permitir a interrupção da gravidez até a 12ª semana de gestação, mas vale apenas para a Cidade do México. Até agora, a lei somente permitia abortos em caso de estupro, quando a vida da mãe corria risco ou quando havia sinais de graves malformações no feto. O polêmico projeto de lei recebeu 46 votos favoráveis e 19 contrários.


Durante a votação, a polícia teve de aumentar a segurança em torno do prédio da assembléia, onde grupos de manifestantes pró e contra o aborto se reuniram. Opositores do aborto já avisaram que irão contestar a lei na Justiça.


O projeto provocou muito debate e enfrentou grande pressão da Igreja Católica. A Arquidiocese da Cidade do México chegou a ameaçar excomungar os legisladores da capital que votassem a favor da legalização do aborto.


Na semana passada, a Igreja local divulgou uma carta do papa Bento 16 pedindo aos bispos mexicanos para lutar contra a legalização do aborto. O Vaticano expressou sua preocupação com a mudança na lei. O México é o segundo maior país católico do mundo, atrás apenas do Brasil. Cerca de 90% dos mexicanos são católicos.


Antes da votação, pesquisas de opinião mostravam que a sociedade mexicana estava dividida sobre o tema. Entre os argumentos em defesa da lei, os autores do projeto afirmam que pelo menos 1,5 mil mulheres morreram no México na última década em conseqüência de abortos ilegais, feitos em clínicas clandestinas e sem condições mínimas de higiene.


Em um relatório divulgado no ano passado, a organização internacional Human Rights Watch afirmou também que muitas vítimas de estupro no México têm negado o direito de acesso ao aborto legal.


Esta não foi a primeira vez que a assembléia da Cidade do México, controlada pela esquerda, provocou polêmica. Recentemente, os parlamentares aprovaram a união civil de casais do mesmo sexo. Outro projeto em discussão prevê a legalização da eutanásia.


24 de abril de 2007

Direto da "Agence France-Presse" (AFP)


24/04/2007 - 13h22
Cientistas fazem a primeira descoberta de um planeta habitável fora do sistema


PARIS, 24 abr (AFP) - Um planeta "do tipo terrestre habitável", capaz de abrigar vida extraterrestre, foi detectado pela primeira vez por uma equipe de astrônomos em um sistema planetário extra-solar, segundo um estudo que será divulgado na quinta-feira na revista Astronomy and Astrophysics.

Segundo os cientistas, este exoplaneta, que gira em torno da estrela Gliese 581 (Gl 581) a 20,5 anos-luz de nosso planeta, é o primeiro dos cerca de 200 conhecidos até hoje a "possuir ao mesmo tempo uma superfície sólida e líquida e uma temperatura próxima da encontrada na Terra".

Ele reúne as características "que permitem imaginar a existência de uma eventual vida extraterrestre", ressaltou em um comunicado o Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França (CNRS), cujos três laboratórios associados participaram da descoberta, com pesquisadores do Observatório de Genebra e do Centro de Astronomia de Lisboa.

A temperatura média desta "super Terra, se situa entre 0 e 40 graus Celsius, o que permite que haja a presença de água líquida em sua superfície", segundo o principal autor do estudo, Stéphane Udry (Genebra).

Além disso, acrescentou, "seu raio seria 1,5 vez o da Terra", o que indicaria "ou uma constituição rochosa (como na Terra), ou uma superfície coberta de oceanos". A gravidade em sua superfície é 2,2 vezes a da superfície da Terra, e sua massa muito fraca (5 vezes a da Terra).

Descoberto com o telescópio "Harps" de 3,6 m do Observatório Espacial Europeu (Eso) da Silla, no Chile, este planeta orbita em 13 dias em torno da estrela Gliese 581 (Gl 581), da qual está 14 vezes mais próximo do que a distância da Terra para o Sol.


Non-sense de matina

Assim falou Zaraane...

Imersa na turbulência da argumentação rasante pelas calles do arrondissement falou. Não merecia lograr um grand finale, mas um movimento que parla piano, terno.

Visões, sons e sabores pouco antes ingressavam em estética sintonia. A expectativa até aquele instante se preenchia com um movimento oscilante, entre a plenitude e o raro desencanto. Um Malbec impetuoso acicatava o rompante entre a fímbria da racionalidade e do devasso. A paixão apaixonada não mais é como d’autrefois. Mas a busca pela razão de ser, do ser, quase encontra a sua própria Sinnlichkeit.

O par como belle-vue e a geografia favorecida na diagonal, na vertical. Mãos não sentem, mãos não mentem. E os gestos e semblantes cometem faltas. Paroles, paroles, paroles. E o corpo fala como no best-seller popular de um dia. Mas não dá vexame... como queria...

Quisiera ser un pez, para mergulhar em acqua San Pellegrino, refresh... com borbulhas in natura, o grito d’alma refletir em ondas no espelho. Anelos que a boca febril não realiza. Mas sempre há um depois a vir a bailar, mesmo sem saber.

Que se preze a própria virtude assim como certa vez falou Zaratustra. I love you and I hate you and then I love you more. Não mais importa se é o bem ou o mal. Que se viva o momento. Carpe diem muitas vezes mais, sem precisar buscar sentido. Uma superficialidade inconseqüente.

Nessas horas ela está no conforto do Morfeu. Que pensará? – Che sera, sera. Emmenthal e Gruyère e sapore di sale no funghi. Abobrinha não teve ou teve. Mas canela - e limão exclusivo. Dadaísmo de Zurique ou non-sense da vida particular? Um coração que bate forte. Zaraane quer falar.


23 de abril de 2007

O câmbio e a carga tributária

No último dia 11, nosso blog já se adiantava ao abordar a questão da desvalorização do dólar em relação ao real. Os problemas e as soluções apontados em nossa breve análise se reforçam, agora, em editorial do jornal “O Estado de S.Paulo”.
(leia a íntegra do editorial abaixo)


DOMINGO, 22 DE ABRIL DE 2007 - O ESTADO DE S.PAULO, PÁGINA A3
NOTAS & INFORMAÇÕES


» O desafio do dólar barato


O governo discute mais um remendo fiscal para socorrer os setores mais prejudicados pela valorização do câmbio. A discussão concentrou-se, nos últimos dias, na idéia de redução de encargos trabalhistas. Num primeiro exame, a proposta parece defensável. As indústrias mais afetadas pelo dólar barato, como as têxteis, de móveis e de calçados, dependem principalmente de insumos nacionais. Algumas importam insumos, mas, de modo geral, são mais dependentes de matérias-primas e bens intermediários produzidos no Brasil.

São geradoras de empregos tanto diretos quanto indiretos. Empresas de outros setores enfrentam o desafio com maior facilidade, aproveitando o real valorizado para importar materiais e componentes. Mantêm, assim, o poder de competição, mas ao custo de substituir empregos no País por empregos no exterior.

Não há nada errado, em princípio, na importação de matérias-primas, bens intermediários e mesmo produtos finais, quando a diferença de custo resulta da maior eficiência do produtor estrangeiro. Mas boa parte da concorrência enfrentada por essas indústrias, em condição de inferioridade, tem origem muito diferente.

Para sobreviver à abertura da economia, nos anos 1990, muitas delas tiveram de investir muito dinheiro e de modernizar equipamentos, processos produtivos e estilos de administração. Dedicaram-se com maior intensidade à exportação e disputaram espaço no mercado internacional, em muitos casos com grande sucesso. Mas começaram a perder fôlego, há algum tempo, em conseqüência da valorização cambial e das condições especiais de competição impostas principalmente pela China.

A valorização do real deixou mais visível uma série de obstáculos que as empresas não podem remover somente com seus meios. Tributos pesados e irracionais, cobrados tanto pela União quanto pelos Estados, são componentes importantes desse conjunto. Além disso, muitas indústrias brasileiras ficam em desvantagem quando se trata do acesso a grandes mercados, como o dos Estados Unidos e o da União Européia. Concorrentes de peso desfrutam de preferências no comércio com as economias mais desenvolvidas.

O governo brasileiro negligenciou a assinatura de acordos com aqueles parceiros e isso faz diferença. O problema de acesso a grandes mercados não é exclusivo do agronegócio. Esse tem sido um dos estímulos para o investimento brasileiro no exterior. Investir fora para ganhar projeção internacional é muito bom. Criar empresas e empregos noutros países porque o governo brasileiro deixou de fazer os acordos necessários é lamentável.

Mas o alívio fiscal para alguns setores e apenas por tempo limitado pode não ser uma boa resposta. Uma pequena desoneração tributária será insuficiente para compensar a desvantagem cambial, mas o governo não pode ir muito longe nessa política. Já se discute uma alteração geral da tributação sobre a folha de salários, defendida pelo ministro do Trabalho. Também não será uma solução simples. Deslocar os tributos da folha de pessoal para o faturamento agravará outro problema: a tributação em cascata.

É difícil conceber uma solução adequada fora de um projeto mais amplo de reforma tributária e, provavelmente, da Previdência. O Brasil tem uma longa experiência de remendos na área de impostos. Cada mudança improvisada tende a resultar em novas distorções.

No entanto, há um problema concreto que o governo não pode, ou pelo menos não deve, menosprezar. A valorização cambial, somada ao contrabando e às dificuldades de acesso aos principais mercados, pode resultar em crises setoriais e no fechamento de milhares de postos de trabalho. Medidas meramente protecionistas também não são a resposta adequada, porque as empresas têm de competir em escala global.

Talvez se encontrem soluções de emergência para alguns setores. Mas será preciso ir muito além. Fala-se muito em políticas de competitividade, mas pouco se tem feito para eliminar as desvantagens que se encontram além dos portões das fábricas e das porteiras das fazendas. Não há outro caminho, quando se pretende manter o câmbio flutuante. Isso é confirmado pela experiência de países muito competitivos. «


22 de abril de 2007

SUNDAY NEWS – Giro Rápido

MOSCA AZUL

“Afirmo que o governo Lula é o mais corrupto da história nacional. Afirmo ser obrigação do Congresso Nacional declarar prontamente o impedimento do presidente. Desde o primeiro dia de seu mandato, o presidente desrespeitou as instituições republicanas”, escreveu o novo ministro da 'Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo', Roberto Mangabeira Unger, em artigo na Folha de S.Paulo, em 2005. A mosca azul deve ter picado o filósofo!


NA CONTRAMÃO - 1
Enquanto as Nações Unidas lideram debate sobre a situação climática no mundo, o presidente Lula quer incluir brechas para ampliar a derrubada da Floresta Amazônica em seu “Plano de Aceleração do Crescimento”, através de projeto que prevê alterações no Código Florestal, para excluir partes de Mato Grosso, Tocantins e Maranhão da Amazônia Legal.


NA CONTRAMÃO - 2
Projeto do senador Jonas Pinheiro (DEM-MT) autoriza propriedades rurais de produção de soja e de pecuária, a desmatar acima dos 20% permitidos pela legislação atual, nos estados do Maranhão, Tocantins e Mato Grosso (este último lidera o ranking do desmatamento florestal no Brasil).


PRIMEIRO TURNO NA FRANÇA
Eleitores de perfil democrata-liberal votaram hoje em Nicolas Sarkozy para a presidência da França, na expectativa de reformas estruturais na economia doméstica. De acordo com as pesquisas de boca de urna, a candidata socialista, Ségolène Royal (25,1% dos votos), enfrentará Sarkozy (29,6%) no segundo turno. Números oficiais e definitivos devem ser divulgados no final da noite.

Ségolène Royal e Nicolas Sarkozy / CRÉDITO: BBC


ELEIÇÕES NA NIGÉRIA
Os primeiros resultados da eleição presidencial da Nigéria foram divulgados neste domingo. Autoridades eleitorais informaram que o candidato do partido do governo, Umaru Yar'Adua, conseguiu vitórias em dois estados da região rica em petróleo do delta do rio Níger.


BABY BOOM - 1
A Alemanha poderá experimentar um “baby boom” em 2007 e 2008. O governo ampliará a ajuda de custo a toda mulher que der à luz e que se disponha a ficar em casa até o bebê completar um ano. O valor é de 70% de seu salário, podendo chegar a um teto de € 1.800 (cerca de R$ 4.860), por mês.


BABY BOOM – 2

Além desse valor, as mães alemãs recebem do governo
€ 154 mensais por filho, até que o jovem conclua os estudos (aproximadamente R$ 415). A média de filhos por mulher na Alemanha é de 1,3, uma das mais baixas do mundo.


MENOS JAPONESES
A população do Japão, cerca de 128 milhões, deverá cair para aproximadamente 100 milhões na metade do século, em função do baixo índice de natalidade, de 1,25 filhos por mulher. Para uma população se manter estável, cada mulher precisa ter, em média, 2,1 filhos.


POTÊNCIA CHINESA
O PIB chinês cresceu 11,1% no primeiro trimestre. Além disso, a China superou os EUA como principal exportador para a União Européia. No ranking das exportações mundiais, ficará somente atrás da Alemanha, tendo alcançado o segundo lugar, que antes pertencia aos EUA.


U-HDTV - 1
A demonstração da “Ultra-High Definition TV”, em feira de Las Vegas, causou perplexidade no público: “não acredito no que meus olhos vêem”, foi a frase que mais se ouviu da platéia.


U-HDTV - 2
De acordo com Hirokazu Nishiyama, um dos responsáveis pelo desenvolvimento da U-HDTV, “um concerto ganha realismo inusitado e uma partida de futebol proporciona ao torcedor melhor visão de detalhes do que se ele estivesse no estádio”.


21 de abril de 2007

Em meio à violência, nigerianos votam em eleição histórica


Os 60 milhões de eleitores da Nigéria vão às urnas neste sábado para escolher um novo presidente. É a primeira vez que um presidente eleito pelo povo sucederá outro escolhido democraticamente desde a independên- cia do país, em 1960.

Vinte e quatro candidatos disputam a sucessão do atual presidente Olusegun Obasanjo, mas apenas três têm chances reais no pleito: o candidato do governo Umaru Yar'Adua, o ex-chefe de Estado Muhammadu Buhari e o vice-presidente do país e oposicionista Atiku Abubakar.

A Nigéria é o país mais populoso da África e um dos maiores produtores mundiais de petróleo. Apesar dessa riqueza, dezenas de milhões de pessoas vivem na pobreza.

Entre os principais temas da campanha estão segurança e pobreza. A situação mais grave é no Delta do Níger, onde ficam 90% das riquezas de petróleo e gás do país. Em fevereiro, o Movimento pela Emancipação do Delta do Níger (Mend) – um movimento ligado a grupos paramilitares – divulgou um comunicado em que ameaça entrar em guerra.

Na questão da pobreza, a Nigéria tem alguns dos piores indicadores sociais do mundo. Uma em cada cinco crianças morre antes de atingir os cinco anos. Há dois milhões de órfãos devido à Aids. Mais de 54% dos nigerianos - ou 77 milhões - vivem abaixo da linha da pobreza, e a expectativa de vida no país é de 47 anos.

Candidatos

O favorito na disputa é o candidato do Partido Democrático do Povo (PDP), Umaru Musa Yar'Adua, que tem o apoio do presidente Obasanjo. O PDP foi o partido vitorioso nas eleições estaduais do último dia 14. Governador do estado de Katsina, Yar'Adua é um dos poucos governadores que não está sendo investigado por corrupção. Se eleito, o político de 56 anos – considerado um esquerdista moderado – se tornará o primeiro presidente nigeriano com diploma universitário.

Outro candidato de Katsina é o ex-chefe de estado nigeriano Muhammadu Buhari, do Partido de Todos os Povos (ANPP). Buhari foi derrotado por Obasanjo nas eleições de 2003 e perdeu espaço em seu partido, mas conseguiu recuperar influência para liderar a chapa do ANPP, o maior partido de oposição da Nigéria. Ele é conhecido por fortes idéias religiosas.

O terceiro candidato com chances é o vice-presidente Atiku Abukakar, do Congresso Ação (AC). Abukakar rompeu com o presidente depois de ter sido acusado de desviar US$ 125 milhões em negócios pessoais.

Para evitar um segundo turno de eleições, o candidato vencedor precisa receber a maioria dos votos e ter pelo menos 25% de aprovação em 24 dos 36 Estados nigerianos.

Legado de Obasanjo

Pela primeira vez, desde 1960, a Nigéria passou por oito anos ininterruptos de regime democrático. Em 1999, quando Obasanjo chegou ao poder, poucos acreditavam que ele completaria seu mandato. Logo na chegada ao poder, o presidente aposentou diversos líderes militares que haviam participado de governos anteriores, dando um claro sinal de que o exército teria pouca chance de derrubar o governo.

Um dos principais temas do governo de Obasanjo foi o combate à corrupção. O governo criou a Comissão de Crimes Econômicos e Financeiros (EFCC), que investigou e indiciou dezenas de figuras públicas e privadas. Na véspera das eleições, a EFCC foi acusada de "investigações seletivas" contra opositores do governo.

As reformas econômicas do governo também foram um dos principais temas da campanha. Apesar de receber elogios fora da Nigéria, o programa é muito criticado no país, devido à altos índices de desemprego e inflação.


19 de abril de 2007

"Brazil's economy lumbers on"




A economia do Brasil "se arrasta pesadamente", conforme diz o título da reportagem do conceituado diário americano The Wall Street Journal. Essa opinião se coaduna com aquela expressa na reportagem da revista britânica The Economist, que consta traduzida neste blog. (ver "post" do dia 13, logo abaixo)

De acordo com o jornal de Nova York, "a esperança" de que o Brasil empreenda reformas para estimular o crescimento da economia vem diminuindo, desde a posse de "Mr. da Silva", que prometeu colocar "tempero" numa economia de crescimento lento crônico. Informa ainda que economistas estão "cada vez mais céticos" quanto à capacidade de o presidente atacar as raízes estruturais do "embaçado" crescimento do país.

"Por enquanto, o segundo mandato de "Mr. da Silva" foi marcado por dificuldades que retardaram a formação de sua equipe de governo e por uma crise no controle do espaço aéreo", constata o The Wall Street Journal.

18 de abril de 2007

O outdoor mais ridículo da cidade

Enquanto o prefeito Gilberto Kassab (DEM), trabalha para transformar São Paulo numa cidade mais bonita, livre da poluição visual, o deputado estadual Campos Machado (PTB) insiste em manter diante de seu escritório político, na avenida Nove de Julho, duas placas formidáveis com o seu nome e a sua foto, na qual aparece usando uma 'belíssima' peruca. (ver foto abaixo)

O deputado “porcalhão” recebeu 246.247 votos, tornando-se o mais votado para a Assembléia Legislativa de São Paulo na última eleição. Entre os seus inúmeros projetos de lei, ‘de grande relevância’ para os cidadãos e para o estado, diversos dão nome a viadutos e trevos de rodovias, um declara de utilidade pública um centro espírita, e outro institui o ‘Dia do Maquinista’. Confira no site da AL como esse deputado é "útil" para a cidade e para o estado!


17 de abril de 2007

Piada de mau gosto

"A marinha mercante brasileira virou assunto macabro ou piada de mau gosto", nas palavras do jornalista Joelmir Beting. Transportar mercadorias entre o porto de Recife e Xangai, na China, é mais barato que transportá-las até o porto de Paranaguá (PR), numa distância oito vezes inferior (!).

Eis mais uma demonstração escandalosa do elevado "custo Brasil", que provém dos exorbitantes impostos e do excesso de regulamentação, entre muitas outras causas. As empresas transportadoras, em virtude da legislação do governo petista, além de arcar com os altíssimos custos dos portos nacionais são obrigadas a comprar navios no Brasil, ao dobro do preço que custariam no exterior, para a navegação de cabotagem.


16 de abril de 2007

Frase da semana


"Só existem dois tipos de brasileiros: os que amam
o Rio
e os que não conhecem o Rio."

Aécio Neves, governador de Minas Gerais,
para a coluna de Ancelmo Góis, em "O Globo", de domingo


"O domingão do Lulão"

Não haveria como não compartir com os leitores de nosso blog de, pelo menos, um trecho da crônica de João Ubaldo Ribeiro, publicada no "Caderno Cultura", do Estadão de ontem.

Ubaldo escreve sobre a nova invencionice do governo petista de criar uma TV pública: "com tanto dinheiro sobrando para tanta coisa, era de admirar que não houvessem pensado nisso antes", ironiza. Em outro momento pergunta: “Para que servirá?”, e faz sugestões quanto à futura programação. Quando se refere ao jornalista “isento”, leia-se Franklin Martins:

“Antes de a nova tevê passar a apresentar um recital de piano semanal da filha do ministro Sicrano, ou as receitas da mulher do ministro Beltrano, bem como os poemas em prosa do ministro Fulano, tenho já pelo menos algumas sugestões, uma das quais o Como-é-o-nome-dele, comentarista político isento e agora empregado do governo nessa área, pode aproveitar imediatamente. (sic)

Estou seguro de que um programa intitulado Conheça Seu Ministro teria audiência garantida, pelo menos nos 30 segundos iniciais de cada um, que seriam mais do que suficientes para revelar ao público quem é o ministro e desfiar seu currículo. O resto de cada uma das dezenas de programas seria assistido somente pela família do ministro, mas já é alguma coisa, nesse mundo feroz da luta por audiência.

Mas o que deverá fazer sucesso mesmo, se eles não tiverem preconceitos bobos, será, com absoluta certeza, O Domingão do Lulão, que durará o dia inteiro, numa série infindável de atrações, a começar pela pelada presidencial, narrada com absoluta isenção pelo ex-comentarista político. E as Pegadinhas do Inácio, com as besteiras proferidas na semana anterior? O difícil ia ser selecionar, dada a quantidade disponível. Já o Show do Milhão não ia colar, não somente porque todo mundo lá já tem um milhão como ninguém sabe nada, viu nada ou ouviu nada.

Enfim, mais um tento do maior governo do mundo desde os faraós do Japão antigo. Podem até fazer o BBA, Big Brother Alvorada, acompanhando a hora em que o presidente acorda invocado e telefona para Bush para dar-lhe um esbregue até seus momentos de oração pelo Brasil e o tempo dedicado a ler e despachar diligentemente. Enfim, nada mais necessário para este país do que uma nova estação de TV governamental, iniciativa de grande peso para o nosso desenvolvimento. Só não vão poder fazer o BBB – Big Brother Brasília -, porque isso ia mostrar o que de fato acontece em nossa venturosa capital. E, como se sabe, TV do governo não é para mostrar verdade nenhuma e, muito menos, indecência.”

A ilustração é uma adaptação de charge de EVERALDO

15 de abril de 2007

SUNDAY NEWS – Giro Rápido

FURACÃO DA PF
Entre os 25 presos pela “Operação Hurricane”, da Polícia Federal, estão: um ex-vice-presidente do TRF (Tribunal Regional Federal), dois desembargadores federais, um juiz do TRT, um procurador regional da República, dois delegados da PF – sendo uma delegada que atuava como corregedora-geral da ANP (Agência Nacional de Petróleo) – e um delegado da PF aposentado.

Charge de J.BOSCO para o jornal O LIBERAL, PA

MIOPIA
Do editorial da revista britânica The Economist: “O estado brasileiro tira muito em impostos e gasta em coisas erradas. Os negócios são prejudicados pelo excesso de regulamentação, incluindo leis trabalhistas copiadas de Mussolini”. (leia reportagem completa, por mim traduzida, no "post" do dia 13, logo abaixo)

ESTAGNAÇÃO NAS TELES
“A carga tributária sobre serviços de telecomunicações chega a 41% do total das receitas setoriais. Nenhum país do mundo cobra mais do que 20% sobre o total das receitas desse setor”, afirma Ethevaldo Siqueira, especialista na área de Telecomunicações, em sua coluna no Estadão de hoje.

PAULISTA
A prefeitura de São Paulo autorizará, a partir de agora, a realização de apenas três eventos na avenida Paulista: a Parada Gay, a Corrida de São Silvestre e o Réveillon. Essa é mais uma medida sensata do prefeito Gilberto Kassab (DEM), beneficiando a livre circulação de veículos de emergência e, principalmente, todo o restante da população paulistana que não está nos eventos.

"NOS TRILHOS DO PÓ"
Esse é o título de reportagem de "O Globo", de hoje. "Os trens da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, estão infestados pelo tráfico e pela violência. O consumo de drogas e a presença de bandidos armados torna a situação grave e o perigo é constante para a massa de trabalhadores que utiliza os ramais. Em dia de tiroteio, os maquinistas costumam atender às ordens de traficantes e interrompem a passagem dos trens", informa o jornal carioca.

GP DO BAHREIN
O brasileiro Felipe Massa, da Ferrari, venceu espetacularmente sua primeira corrida no ano, pelas areias do deserto do Golfo. Largou na pole-position e realizou uma prova impecável. O segundo colocado Lewis Hamilton, da McLaren-Mercedes, conquistou seu terceiro pódio e já é o melhor estreante na história da F1.
(CRÉDITO DA FOTO: UOL)

F1 VERDE
A partir de 2011 os combustíveis utilizados na Fórmula 1 deverão ser 100% de origem renovável, segundo Max Mosley, presidente da FIA. Os motores turbo também devem regressar à categoria.

LIÇÕES DA COLÔMBIA – 1
Os ótimos resultados conquistados pelo presidente Álvaro Uribe, da Colômbia, servirão de modelo para os governadores Sérgio Cabral (RJ), Aécio Neves (MG) e José Roberto Arruda (DF), que viajaram esta semana ao país para conhecer a prática de medidas como o uso das Forças Armadas, no combate à criminalidade e ao tráfico de drogas.

LIÇÕES DA COLÔMBIA – 2
Álvaro Uribe (na foto ao lado) reduziu de 3.000 para 300 o número de pessoas seqüestradas pelas FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e restabeleceu a ordem nas estradas do país, anteriormente sob controle da guerrilha. A redução da criminalidade e do tráfico de drogas é proveniente da unificação das forças policiais e do sistema de informações.

EQUADOR
Rafael Correa, presidente do Equador, segue o caminho trilhado por Hugo Chaves na Venezuela e submeteu a plebiscito, realizado hoje, proposta de instalação de uma Assembléia Constituinte.


ERRATA:
O nome do atual ministro da Saúde, elogiado neste blog por sua transparência em relação ao tema da legalização da interrupção da gravidez indesejada, é José Gomes Temporão.


14 de abril de 2007

Escândalo na “Petrossauro”

Em outubro de 2006, li artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, em coluna de Maílson da Nóbrega, da consultoria Tendências, com o título “Existe empresa estatal eficiente?”. O ex-ministro da Fazenda iniciava a matéria com a seguinte afirmação: “por definição, uma empresa estatal não tem a mesma eficiência que exibiria se fosse privada”, e acrescentava, “a sua governança corporativa pode até aproximá-la do padrão de gestão privada, como se vê no mundo desenvolvido, mas isso é muito difícil de acontecer em países como o Brasil”.

Para fugir um pouco da teoria e verificar a prática, tome-se, por exemplo, o último grande descalabro promovido pela Petrobrás, ou melhor, pela Petrossauro – como a tratava o saudoso embaixador e ex-ministro da Fazenda Roberto Campos (foto abaixo): a estatal realizará, conforme publicado no jornal Folha de S.Paulo (ed. 1º/03/ 2007, pág. B10), um aporte de R$ 6 bilhões para zerar o déficit do Petros, o fundo de pensão dos funcionários da empresa, com dinheiro que pertence a todos os brasileiros. O que nós, contribuintes, temos com isso?

Nada de tão escandaloso aconteceria se a Petrossauro fosse uma empresa privada como a Vale do Rio Doce, a Embraer, o Bradesco, a Volkswagen, ou qualquer outra submetida às normas do mercado. Enquanto os ex-empregados da Varig sofrem com a perda de suas pensões e aposentadorias complementares, causada por má gestão do falido fundo de pensão Aerus – destaque-se que a razão da falência foi uma administração nos moldes de empresa estatal – os empregados da Petrossauro dormem tranqüilos. Continuo perguntando: é justo que o dinheiro de nossos impostos seja destinado ao financiamento da aposentadoria de milhares de funcionários de empresas estatais?

Esses antros de corrupção, estatais e fundos de pensão, têm a diretoria substituída a cada troca de governo, o que gera onerosas mudanças administrativas. As contas de publicidade são enormes e jamais somos perguntados se concordamos em pagar por elas. Aliás, quem aprova os gastos e investimentos desses “dinossauros” da administração pública são os digníssimos congressistas. E boa parte dos recursos desaparece em "valeriodutos".

Certamente, muitos outros artigos serão publicados neste blog, para demonstrar os malefícios do estatismo e a vantajosa contrapartida da privatização. Destaquem-se somente os exemplos da Vale do Rio Doce e da Embraer, para não falar do salto de eficiência que ocorreu no setor de telefonia. Vale relembrar o que deixou registrado o ex-ministro Maílson da Nóbrega: “dizer que uma empresa estatal pode ser eficiente como uma empresa privada é um disparate”.


MEMÓRIA CURTA

Os 13 fundos de pensão que foram investigados pela extinta CPMI dos Correios tiveram prejuízos, entre 2000 e 2005, de cerca de R$ 730 milhões em operações realizadas no mercado de derivativos da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). (ver tabela)


O mais atingido foi o Prece (da Companhia de Água e Esgotos do Rio de Janeiro), com perdas que chegavam a R$ 309 milhões. Os dados fizeram parte do parecer que, na época, foi apresentado pelo sub-relator de Fundos de Pensão da Comissão, deputado ACM Neto (Democratas-BA).

Alguém saberia informar se os diretores desses “fundos de corrupção” ainda estão soltos? Ou seria melhor perguntar se algum desses administradores irresponsáveis corre eventual risco de ser responsabilizado criminalmente pela má gestão dos recursos dos funcionários? - Infelizmente, as respostas são conhecidas...


13 de abril de 2007

The Economist: Land of promise


A respeitada revista britânica The Economist, em sua edição de 12 de abril, traz uma reportagem especial sobre o Brasil, com o título Land of promise, que segue - por mim traduzida - abaixo. A matéria é muito interessante e abrangente. Leve-se em consideração a percepção que o exterior tem do Brasil no momento atual. Vale muito a pena dedicar algum tempo para ler a íntegra do texto. (Clique sobre o logo da revista para ler a matéria em inglês)


ANÁLISE: BRASIL
Terra da promessa

O Brasil é grande, democrático, estável e rico em recursos. Então, por que não está muito melhor?


Na costa direita do largo canal que constitui o porto de Santos, o maior do Brasil, o Orange Wave aguarda uma carga de suco de laranja com destino a New Jersey. O North King, de origem panamenha, está sendo carregado da soja cultivada em algum lugar entre o sul temperado do Brasil e as savanas do centro-oeste. Além disso, impressionantes filas de carros aguardam pelo seu navio. Os terminais de carga, antes de propriedade do estado, expõem agora a heráldica corporativa: os logotipos de COSAN, produtor de etanol e açúcar; Bunge, comerciante de comida global; e America’s Dow Chemical. No ano passado, Santos quebrou o seu recorde de exportação de café - a commodity que fez nascer o porto, no século 19 - registrado anteriormente em 1909.

A ‘majestade Vitoriana’ de navios ancorados não permite desconfiar dos problemas que o transporte de carga enfrenta no caminho para e de Santos, responsável por 27% do comércio internacional do Brasil. No caso da soja os problemas começam no campo, onde o armazenamento deficiente força cultivadores a despachá-la diretamente ao porto, apesar do preço. Em seguida, enfrenta uma viagem acidentada em estradas esburacadas - 80% da carga chega a Santos em caminhões e não por estrada de ferro. A privatização e o melhor gerenciamento dos terminais conduziu a uma maior eficiência do porto, mas os navios ainda precisam aguardar em alto mar antes de adentrar o canal, que é 2m mais raso do que o recomendável. Os órgãos estatais reguladores para o meio ambiente estão retendo a permissão para aprofundá-lo. Os custos do transporte consomem quase 13% do PIB brasileiro, cinco pontos percentuais acima dos Estados Unidos, segundo Paulo Fleury da COPPEAD, uma escola de negócios do Rio de Janeiro. Essa é somente uma pequena parte da carga à qual os businessmen se referem desesperadamente como custo Brasil.

A larga capacidade de produção e a frustração se somam no Brasil nesses dias. O país explode em mercadorias cobiçadas pelas economias crescentes da Ásia - da soja ao minério. Nenhum outro país está mais bem qualificado para atender às demandas do entusiasmo global por biocombustíveis. Ainda assim, o Brasil recusa-se a crescer de acordo com as expectativas de sua população de 188 milhões. Desde o fim do “milagre econômico” dos anos 1960 e 70, quando o país foi o segundo a apresentar o mais rápido crescimento do mundo entre as grandes economias, o Brasil estagnou (ver diagrama 1). Durante os últimos quatro anos, enquanto o conjunto de países em desenvolvimento cresceu em média 7.3%, o Brasil estancou em 3.3%.

Em 2003 o banco de investimento Goldman Sachs qualificou o Brasil, ao lado da Rússia, da Índia e da China, como um dos quatro “BRICs” - países em desenvolvimento que compartilhariam o domínio da economia mundial antes de 2050. O Brasil teve um crescimento muito menor que os demais, levando alguns brasileiros a indagarem se o "B" seria excluído do grupo. A Coréia do Sul ultrapassou o Brasil em renda per capita nos anos 1980; pode não demorar muito para que a China e a Índia façam o mesmo.

Os brasileiros também têm problemas “não-econômicos” com os quais se preocuparem. Em sua primeira oportunidade no poder, o Partido dos Trabalhadores (PT) do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – de quem se aguardava o combate contra a corrupção – orquestrou um esquema arcaico de suborno de congressistas em troca de votos, conhecido como “mensalão” (pagamento de mesada). O Congresso que encerrou sua legislatura de quatro anos em dezembro é largamente apontado como “o pior da história”. No ano passado as duas maiores cidades do Brasil, São Paulo e Rio de Janeiro, foram aterrorizadas por bandos que atuam do interior do sistema prisional. A educação, possivelmente o pior defeito do Brasil, em vez de melhorar, tem piorado. Desde o ano passado, quando ocorreu o choque no ar entre um avião de passageiros e um jato executivo, as viagens aéreas se tornaram um tormento. O Brasil está “desmoronando em partes”, lamentou-se Lya Luft, colunista de Veja, a maior revista de notícias, no ano passado.


Qual é o problema?

A maioria dos brasileiros parece não ter noção. O presidente Lula ganhou a eleição de outubro passado de forma estrondosa, basicamente em virtude do assistencialismo aos pobres. A qualidade de vida está sendo melhorada, graças em parte às esmolas do governo federal. A desigualdade de renda, da qual o Brasil sofre mais do que a maioria dos países começou, finalmente, a encolher-se.

O mesmo é verdadeiro no que concerne à inflação, mantida às custas de altas taxas de juros. A introdução do real como moeda brasileira em 1994 encerrou décadas de alta inflação. Muitos observadores temeram que Lula a reacendesse quando foi eleito presidente pela primeira vez em 2002. O seu PT fez oposição ao Plano Real e as taxas de risco país dispararam com a perspectiva de eleição de Lula. Mas ele compreendeu que a inflação afetava mais os pobres. Desafiando os seus companheiros, entrincheirou a estabilidade, fielmente apoiada no tripé da política de seu predecessor e inimigo político, Fernando Henrique Cardoso: superávit primário elevado para reduzir a dívida em relação ao PIB, taxa de câmbio flutuante e metas de inflação.

Auxiliado pelo entusiasmo global por produtos brasileiros e pela estabilidade financeira, a dupla Cardoso-Lula conquistou um milagre econômico de tipo diferente. A inflação, no ano passado, foi de somente 3%, abaixo da meta de 4.5% estabelecida pelo Banco Central. Os mercados esperam que ela permaneça abaixo da meta neste ano. As taxas de juros reais estão em seu nível mais baixo desde 2001. O risco de uma crise externa interferir na economia doméstica - o que muitas vezes ocorreu durante os anos de 1990 - diminuiu. As exportações e o superávit da balança comercial dispararam (ver o diagrama 2), empurrando as reservas de divisas acima dos 100 bilhões de dólares. Quando o Brasil ficou independente em 1822 a Grã-Bretanha insistiu que ele assumisse as dívidas da coroa portuguesa. Agora o governo do Brasil é um credor internacional. A conquista de um rating de investment grade é, provavelmente, só uma questão de tempo. Quando Lula terminar o seu segundo mandato em 2010 o Brasil terá gozado “de 16 anos de estabilidade e predição”, diz Mailson da Nóbrega, um ex-ministro da Fazenda que agora dirige a consultoria Tendências. Este é um importante e muitas vezes subestimado desconto sobre o “custo Brasil”.

De algum modo o Brasil é o mais estável dos BRICs. Diferentemente da China e da Rússia ele é uma democracia genuína; e diferentemente da Índia ele não tem nenhum conflito sério com os seus vizinhos. Ele é o único BRIC que não dispõe de uma bomba atômica. O “Índice de Liberdade Econômica” elaborado pela Fundação Heritage, e que inclui fatores como a proteção aos direitos de propriedade e livre comércio, classifica o Brasil como economia “moderadamente aberta”, acima dos outro BRICs, em grande parte “fechados”. Uma das razões principais para que o crescimento do Brasil tenha sido mais lento do que o da China e o da Índia é que o país é mais rico e mais urbanizado.

As expectativas futuras persistem causando descontentamento porque o Brasil está sempre em um campo de batalha entre o avanço e a inércia. Desde a independência, que foi proclamada pelo filho do rei português, o Brasil foi fazendo remendo sobre remendo para modernizar-se em vez de livrar-se de velhos padrões e recomeçar definitivamente do novo. A constituição de 1988, que solidificou a democracia depois de 20 anos de ditadura militar, não aboliu a cultura da “cordialidade”, que em política significa primazia de gentilezas pessoais em contraste com o respeito às regras. “As liberdades e os direitos eleitorais estão consolidados”, diz o antigo presidente Cardoso, “mas falta cidadania, em relação ao respeito à lei. A democracia significa isto, também”.


Muito, demais

A constituição criou direitos em demasia – de estabilidade de servidores públicos, de permitir que governos estaduais criem taxas sobre receitas, de excessivos privilégios aos cidadãos, à transferências do governo – que o Brasil mal pode executar. Esses direitos ajudam a explicar porque as taxas de juros reais permanecem entre as mais altas do mundo, porque o investimento público em estradas, portos e outras áreas da infra-estrutura é lento, e porque a carga tributária é de um Welfare State europeu rico e não de uma economia jovem em desenvolvimento.

Conseqüentemente, o Brasil permanece no meio de uma metamorfose lenta na sua economia, na sua sociedade e no seu sistema de governo. “O Brasil contemporâneo é um híbrido entre duas modalidades: um desigual e hierárquico, outro universal e igualitário”, argumenta Jacqueline Muniz, antropóloga do Rio de Janeiro. O legalismo rígido convive com a ilegalidade exuberante, e um setor privado vibrante coexiste com um estado esclerosado. O presidente Lula, que se apresentou como uma alternativa aos oligarcas antiquados, agora governa com a sua ajuda. Poucos desses modernizadores não são manchados pelo seu passado.

Embora o progresso seja lento, as instituições do Brasil estão bastante firmes agora para deixá-lo razoavelmente seguro. O Goldman Sachs recentemente reafirmou a posição BRIC do país. O crescimento econômico pode superar os 4% neste ano. Quando as estimativas de crescimento do PIB foram revistas em março, o Brasil descobriu que ficou mais rico e menos endividado do que imaginava. Ele ainda pode fazer melhor. Mas isto necessitaria de mais discernimento de Lula, tão importante como a sua conversão à inflação baixa: que o obstáculo principal para progredir é o próprio estado.


Minha nota: Depois da leitura do texto, gostaria de chamar a atenção daqueles que nos últimos tempos têm manifestado certo preconceito diante das críticas e das observações que a linha editorial da revista Veja vem apresentando em relação aos escândalos e à incompetência do governo estatizante. O artigo da revista The Economist é isento e está plenamente de acordo com a sensibilidade de diversos órgãos da imprensa livre e de setores não vinculados à esquerda antiquada.


12 de abril de 2007

Ditadura no Canadá


Saiu no Portugal Diário. E não é piada! (Recomendo a leitura com sotaque português)

Uma mulher de 25 anos foi expulsa do autocarro no Canadá, na passada quinta-feira, porque o motorista sentiu-se incomodado com seu cheiro. A passageira contou que apanhou o autocarro depois de ter posto o seu Very Irresistible by Givenchy. Segundo o anúncio, este perfume revela a espontaneidade, a audácia e a sensualidade da mulher. Mas o motorista não achou nada disso.

Durante a viagem, reclamou que aquele odor potente estava a interferir com a sua capacidade de conduzir e mandou a jovem sair.

”Fui humilhada em frente a toda a gente. Desci daquele autocarro a chorar”, disse ao canal de televisão CTV. A mulher decidiu então queixar-se aos polícias de trânsito, que a colocaram no fundo do autocarro, perto de uma janela aberta. “Senti-me como uma nova Rosa Parks*”, declarou ao jornal National Post.

O Canadá está a viver uma caça aos perfumados semelhante à que ocorreu nos anos 1990 contra os fumadores. Em 2000, a cidade de Halifax proibiu o uso de perfumes em todos os edifícios municipais, incluindo escolas, bibliotecas e tribunais. Muitas empresas, cinemas, teatros e lojas aderiram ao perfume zero.

Conclusão: para andar de autocarro ou freqüentar sítios públicos em Halifax é melhor estar sempre a feder.

* ROSA PARKS
Ela foi a costureira negra que em 1955 se recusou a obedecer a lei de apartheid racial no Alabama, marcando o início da luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. Rosa se recusou a ceder seu banco em um ônibus a um homem branco, o que levou a um boicote em massa dos negros ao transporte público do estado. O protesto conduziu ao fim da segregação nos transportes públicos e culminou na Lei dos Direitos Civis dos EUA, em 1964.


Glossário de termos lusitanos:
autocarro = ônibus
fumadores = fumantes
sítios = lugares

11 de abril de 2007

O dólar a R$ 2,00

Charge de KASSIO, para o jornal Correio Braziliense

O mercado passou a testar o novo piso do dólar em torno de R$ 2,00. Há diversas razões para a entender a valorização excessiva do real: a mais conhecida é a elevada taxa de juros, que atrai dólares; outra, é o fato de o risco país estar em baixa - apesar de não termos atingido ainda o nível de investment grade. O déficit crescente nas contas externas americanas é outro fator; em 2006, o déficit em conta-corrente dos Estados Unidos fechou em US$ 900 bilhões.

A notícia da valorização do real frente ao dólar é boa para a parcela de brasileiros que tem condições de viajar para o exterior e realizar compras de produtos importados de qualidade. Também é uma oportunidade para a importação de maquinário, para o setor industrial, e bens de consumo, para o comércio e importadores (serviços).

De compensação, os exportadores de produtos industrializados e manufaturados, têm enfrentado momentos difíceis, tendo de fechar empresas que são dependentes do mercado externo. O turismo também perde substancialmente.

Um cenário melhor seria apresentado com uma moeda nacional menos valorizada e, sobretudo, com um poder de compra mais elevado da população. O Brasil encontra-se em 72º lugar no ranking do PPP (Purchasing Power Parity) per capita, que define esse poder de compra, do World Economic Outlook. Para melhorar nesse quesito, o governo teria de rever a escandalosa política de cobrança de impostos.

O apetite do leão da receita é enorme: o vencedor da versão brasileira do reality show Big Brother teve de pagar R$ 275 mil de imposto, ficando com R$ 625 mil do prêmio de R$ 1 milhão. Isso, para falar somente do 'imposto menos injusto', que recai sobre a renda, sem citar CPMF, IOF ...