
A paleozóica gigante estatal Petrobrás conseguiu realizar mais uma grande proeza. Numa época de expansão da economia global, apresentou uma redução de 38% no lucro do primeiro trimestre de 2007, em relação ao mesmo período do ano passado. As principais razões para o péssimo resultado foram, entre outras, a queda nos preços do petróleo, a valorização da moeda nacional e a elevação de “custos operacionais”.
A verdade é que a Petrossauro está iniciando um processo de auto-sucateamento. A irresponsável administração do fundo de pensão de seus funcionários, o Petros, recebeu da estatal um escandaloso aporte de R$ 6 bilhões, conforme denunciado nesse blog, no dia 14 de abril. Hoje é possível observar as conseqüências (ou inconseqüências) dessa medida, que é proveniente da irresponsabilidade do governo e da administração corporativista da estatal e do fundo de pensão. (leia o artigo)
A partir disso tudo, cabe a pergunta: o que a Petrossauro proporcionou de bom, durante a sua existência como estatal, na vida dos brasileiros? – A não ser que se tenha um vínculo empregatício ou corporativo com a empresa, dificilmente será possível encontrar uma resposta positiva para a indagação. Muito pelo contrário, para os contribuintes, ela só dá despesas e prejuízos. Sim! – prejuízos. Os investimentos que recebe do governo (ressalte-se que o governo é financiado pelos impostos pagos pelos contribuintes) poderiam, muito melhor, ser revertidos para áreas carentes como educação, saúde, saneamento ou transportes, em vez de financiar a estrutura do dinossauro.
O tabu da privatização precisa ser derrubado urgentemente. O argumento contrário mais utilizado pela direita nacionalista ou pela esquerda estatista é de que o patrimônio da Petrossauro pertence a todos os brasileiros. Essa é uma falácia. Se alguém precisar de dinheiro e quiser desfazer-se da parte que lhe pertence não poderá fazê-lo. Os únicos verdadeiros donos da estatal são o governo e seus acionistas em bolsa.
O artigo de hoje não abordará a crise que envolve a estatal e a Bolívia. Contudo, vale lembrar que a filial boliviana da Petrossauro responde por 24% da arrecadação de impostos, 18% do Produto Interno Bruto total e 20% dos investimentos estrangeiros diretos da Bolívia. Além disso, seus investimentos somaram, entre 1994 e 2005, US$ 1,5 bilhão (US$ 1 bilhão de forma direta, e o restante por meio de seus sócios). E a atitude do governo brasileiro diante da apropriação das suas instalações pelo idiota latino-americano Evo Morales continua sendo, simplesmente, ridícula.
6 comentários:
Isso é o que eu chamo de solidariedade de esquerda: Evo, toma a refinaria, é de graça! Quero ajudar o povo pobre da Bolívia e manter o meu, com o Bolsa Família.
E quem paga toda a conta somos nós, os contribuintes.
Obrigado pelo simpático comentário.
Bela, Marcus!
Você está atento mesmo.
Gostei do nome Petrossauro.
O que poderíamos fazer a respeito?
Abraços e parabéns!
Prezado amigo Dinossauro Mayer,
vamos pensar em soberania nacional !
Porque será que o Bush veio aqui tentar vincular nossa produção de etanol e/ou de bio-diesel ?
Somos top na prospecção de petróleo em águas profundas. Talvez façamos parte dos países pertencentes a "OPEP" em breve.
Olha só a vantagem estratégica que temos na América Latina.
Parabéns pelo blog. Ficou bonito mesmo. Abraço. Pires.
Caríssimo Tiranossauro Rixcardo:
muito obrigado pelo comentário! Esse tema ainda vai render muitos posts, mas você chamou à atenção para um tema bastante interessante que é a questão da nova definição de "soberania". Vou dedicar um artigo a isso e ficarei muito contente se me honrar com um novo comentário.
Forte abraço.
Caríssimo Hamer,
"Petrossauro" é uma invenção do meu guru da economia, Roberto Campos, que, antes do processo de privatizações dos anos 1990, dizia: "a tríade paleozóica Eletrossauro, Telessauro e Petrossauro são os símbolos do nosso atraso". Hoje, ao menos, o sistema Tele está privatizado e democratizou o acesso dos menos favorecidos à telefonia.
Comente sempre, Hamer. Muito obrigado!
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