23 de maio de 2007

Contrastes

O Silas ‘rodou a baiana’

CRÉDITO: Agência Brasil
E não poderia ser diferente. O escritor Mario Prata definiu a expressão como ‘enfezar-se’ ou ‘dar um escândalo público’. Assim aconteceu com o ex-ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau. Que falta de vergonha: queria continuar no cargo depois de ser apontado como beneficiário do esquema de fraude em licitações. Conforme noticiado no site Folha Online, o escândalo começou a respingar em Rondeau quando a PF prendeu, durante a Operação Navalha, Ivo Almeida Costa, que era assessor especial de seu gabinete.


Uma história parecida, na Suíça

O parágrafo que acabo de escrever acima, acicatou minha memória para um fato ocorrido na época em que ainda morava em Genebra. Comprei um exemplar da revista quinzenal de política e economia, l’Hebdo, uma espécie de Veja da Suíça francesa. Logo ao folhá-la estranhei a quantidade de páginas (aprox. 30 - quase metade da edição) dedicadas a um único deputado nacional. Ao começar a ler a matéria descobri tratar-se de uma espécie de “direito de resposta”.

Não mais me lembro do nome do parlamentar, mas recordo perfeitamente alguns detalhes do conteúdo da publicação, que muito chamaram a minha atenção. A revista esclarecia ter cometido um grave engano ao divulgar o envolvimento do deputado em um eventual caso de corrupção – até na Suíça acontecem dessas coisas(!). Logo que seu nome fora envolvido no caso, o parlamentar afastou-se da função, como é praxe. O caso foi levado à Justiça e o deputado reassumiu o cargo após sua absolvição. Alguns poderiam desconfiar que a justiça de lá falhara, mas não foi esse o acontecido. A própria revista reconheceu o erro, desculpou-se publicamente, e o parlamentar teve o direito de expor a defesa, narrando sua história no dobro de páginas que continham as anteriores acusações.


O que concluo dessa história, em comparação ao que acontece no Brasil, é que o afastamento do cargo é algo natural e óbvio, quando do envolvimento de um servidor público em escândalo de corrupção. Aqui é muito comum apelar para a famosa “suposição de inocência até que se prove o contrário”. Isso é uma vergonha(!), como diria o jornalista Boris Casoy (foto). Na política, essa prerrogativa só estimula o festival de caras-de-pau.


Esse tema, tratando da ética na política, é tão interessante que, amanhã publicarei um artigo com detalhes a respeito da conduta de “representantes do povo” em alguns outros países. Sempre me interessei pelo assunto e procurei conhecer as idiossincrasias da política de países por onde passava, às vezes, vivendo durante um certo tempo. Serão alguns relatos e constatações surpreendentes!


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