31 de maio de 2007

O desastre da política externa

mayer
Especial para o WORLD NEWS EXPRESS
por Marcus Mayer
mayer
Apesar da forma tímida, finalmente, o presidente Lula da Silva defendeu a democracia e a liberdade de expressão, durante cerimônia do 24º Congresso de Radiodifusão, ontem, em Brasília: "Se muitas vezes, depois de uma saraivada de más notícias, eu acho ruim, muito pior seria se não existisse democracia nesse país, para a imprensa dizer o que bem entende, na hora em que bem entende e ser julgada pelo único julgador, os ouvintes, os telespectadores e os leitores", afirmou o presidente.
mayer
Infelizmente, o fechamento da maior e mais antiga rede de televisão da Venezuela, a RCTV, verdadeiro atentado contra a liberdade de expressão, cometido pelo idiota latino-americano Hugo Chaves, não tem sido tratado de forma responsável pelo ministério das Relações Exteriores.
mayer
A Venezuela, país-membro do Mercosul desde julho de 2006 – aceitá-la como sócio-pleno já foi uma decisão desastrosa do bloco –, não atende às mínimas exigências do Protocolo de Ushuaia, de 1998, que prevê, já em seu artigo I, o seguinte: “a plena vigência das instituições democráticas é condição essencial para o desenvolvimento dos processos de integração entre os Estados-Partes do presente protocolo”.
mayer
A atual gestão no ministério das Relações Exteriores (MRE) é vergonhosa. Basta lembrar a irresponsabilidade cometida em relação ao patrimônio da refinaria da Petrobrás na Bolívia, a desastrosa empreitada de integrar o Brasil ao Conselho de Segurança da ONU, os retrocessos no Mercosul, o enterro da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), as fracassadas negociações na rodada Doha da OMC, o reconhecimento da China como economia de mercado, o descaso para firmar novos acordos bilaterais de comércio com a União Européia e com os Estados Unidos etc. etc.
Barão do Rio Branco
Além de tudo isso, até agora o Itamaraty não emitiu nenhuma nota oficial condenando a Venezuela, por enterrar a democracia e, provavelmente, não o fará, sob o atual governo. A razão para esse desastre – o maior da história das relações exteriores – encontra explicação na figura esdrúxula do secretário-geral do Itamaraty, o estafeta stalinista, Samuel Pinheiro Guimarães, artífice da política terceiro-mundista brasileira e destruidor da memória do ícone das relações internacionais no Brasil, o “grande” Barão do Rio Branco.
mayer
A atuação de Samuel Pinheiro Guimarães, esse personagem abominável, porém, não exime de responsabilidades o chanceler Celso Amorim, o assessor-especial para assuntos internacionais da presidência da República, Marco Aurélio Garcia (defensor de primeira-hora da ditadura comunista de Fidel Castro), e o próprio presidente Lula da Silva, que sempre adularam o idiota Hugo Chaves.
Lula da Silva, Hugo Chaves e Celso Amorim
Para que se conheçam um pouco melhor os horrores que caracterizam o dinossauro do Itamaraty, expoente brasileiro do idiota latino-americano, em seu livro, “Desafios Brasileiros na Era dos Gigantes”, Samuel Pinheiro Guimarães (foto) critica o país por ter assinado o “Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares”, em 1995, pede a retomada de investimentos em armamentos e maiores gastos no setor militar para garantir maior desenvolvimento. Somente com essas ‘qualidades’, Samuel Pinheiro já se credenciaria para ser chanceler na Coréia do Norte, em Cuba ou no Irã – jamais no Brasil!
mayer
Em fevereiro, quando de sua demissão do posto de embaixador do Brasil em Washington, Roberto Abdenur, um dos mais experientes diplomatas dos quadros do Itamaraty, criticou de forma contundente a política externa e a doutrinação ideológica em curso no MRE, em entrevista à revista Veja.
Embaixador Roberto Abdenur
Perguntado como a doutrinação se manifesta no ministério, Roberto Abdenur respondeu o seguinte: “Há um sentimento generalizado de que os diplomatas hoje são promovidos de acordo com sua afinidade política e ideológica, e não por competência. Eu vi funcionários de competência indiscutível ser passados para trás porque não são alinhados. Há intolerância à pluralidade de opinião. O Itamaraty sempre teve um prestígio singular na diplomacia internacional pela continuidade da política externa, pelo equilíbrio, pela excelência de seus quadros e pelo apartidarismo. O Itamaraty precisa resgatar o profissionalismo a salvo de posturas ideológicas, de atitudes intolerantes e de identificação partidária com a força política dominante no momento”. A imposição ideológica, conforme Abdenur, é fato inédito: “nunca, nem na ditadura militar”, foram suas palavras na entrevista.
mayer
Samuel Pinheiro é ridicularizado pelos seus pares. Chegou ao cúmulo de impor a leitura de obras preconceituosas, marxistas e ultrapassadas aos representantes do Itamaraty. A leitura era parte de um cursinho de duas semanas ao qual submetia todos os diplomatas a serem transferidos de posto. O viés ideológico das aulas, apelidadas no Itamaraty de "Escolinha do Professor Samuel", era inequívoco. Um dos livros traz um prefácio no qual o próprio Samuel Pinheiro ofende os Estados Unidos e trata de forma preconceituosa a ALCA.
mayer
Responsável por promoções, transferências e pela formulação da política externa do governo petista, o perfeito idiota do MRE professa ideário inútil e ultrapassado do fim do século 19. Odeia a globalização, é contrário à abertura econômica, acredita no “imperialismo ianque” e adota como método de trabalho ampulheta e papel-carbono.
Ex-chanceler Celso Lafer
O embaixador Abdenur deixou claro, em sua entrevista à Veja, considerar "uma coisa vexatória" o fato de diplomatas de categoria serem "forçados a certas leituras quando entram ou saem de Brasília". Assim, também, o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer, chanceler durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, endossa nossas observações. Disse concordar com todas as críticas feitas pelo ex-embaixador Roberto Abdenur ao modo como o governo conduz a política externa: “partilho inteiramente de suas impressões”, disse Lafer. “Coisas como essa indicação de livros a serem lidos, por diplomatas de ótima formação, são simplesmente vexatórias. O que Abdenur quer ressaltar é uma certa lavagem cerebral. Uma coisa muito ruim, que resulta numa diplomacia de qualidade discutível”.
mayer
A repercussão da entrevista de Abdenur à revista Veja alcançou, no mínimo, um objetivo. O ministro Celso Amorim manifestou publicamente a intenção de modificar o sistema de leitura obrigatória de livros, imposta desde o início de 2004, pelo vice-chanceler Samuel Pinheiro.

Os adjetivos utilizados para 'qualificar' o secretário-geral do Itamaraty são 'amenos', quando confrontados com outros expressos por diplomatas com quem tive contato recente. Nenhum, porém, pelo fato do exercício das funções realizar-se em embaixadas no exterior, soube precisar se a medida de acabar com a absurda “Escolinha” fora colocada em prática. Do jeito como as decisões no MRE têm sido tomadas durante o governo Lula da Silva, não seria de estranhar se o vexame imposto aos diplomatas continuasse, na surdina.

COPIE E INSIRA ESTE BANNER NO SEU BLOG:
mayer

5 comentários:

Lúcio Lopes disse...

Caro Marcus Mayer
Primeiramente, parabéns pelo blog.
Li seu artigo de 16 de maio último: A Crise da USP. Achei-o excelente! Gostaria de ver sua opinião acerca dos acontecimentos de hoje, notadamente o novo decreto do Serra. Será que o governador agiu corretamente?
Um fato que achei muito engraçado em seu artigo é esta pelegada usar o tratamento "camarada". Digo pelegada porque a UNE, por exemplo, é, hoje, do PCdoB. E é financiada pela União, exatamente como os sindicatos pelegos. E, como eles lêem na cartilha do Lula direitinho, a verba tem aumentado muito nos últimos anos.
Aliás, estudante ser comunista nos anos 50 e 60, era muito bacana. Mas hoje? Eles não sabem como é na Coréia do Norte? Albânia? O que resultou o comunismo na Rússia?
Um abraço, Lúcio.

Marcus Mayer disse...

Caro Lúcio,
muito obrigado pelas observações e pelos comentários a respeito do blog e do referido artigo.
Terei grande prazer por comentar o novo decreto do Serra, em seu blog "Minuto Político", que passo a indicar em nossa lista.
Espero contar sempre com a sua visita e comentários.
Abraços.

Anônimo disse...

Caro Marcus, concordo plenamente com o adjetivo "vexatório" quanto as leituras "obrigatórias" dos nossos diplomatas. Sempre pensei que o cargo exigisse no minímo independencia de linhas políticas já que o mesmo pode ser designado tanto para os EUA quanto para A Russia, mal comparando. Quanto a admiração de Lula ao Idiota-latino-americano Chávez, me parece se tratar mais de uma coisa pró forma, um semi-respeito a um lider de uma nação vizinha. Coisa que o mesmo não teve ao criticar nosso Congresso, que óbivio merece todas as críticas possíveis, mas dos brasileiros. E só. Creio estarmos entrando de novo em tempos escuros na América do Sul e torço para que este virus não afete nem um louco por aqui, para que este não tenha idéias 'chavistas' e queira se perpetuar no poder.
Quanto ao meu pequeno texto...Nunca pensei em João Guimarães Rosa ao escrever. Ele é sim um dos maiores escritores de nossa lingua, mas é também um dos mais difíceis. E nossa língua, tão bela quanto dura, ainda depende de "facilidade" para ser entendida. Coisa de país que não cuida de educação de base.
E veja que paradoxal, num país que produziu Guimarães o mais lido é um tal coelho. Credo.
Já quanto a escrever oito vezes, sei não, mesmo pondo um ponto final ao texto e publicando, nunca estou totalmente contente com ele. E quando leio, ouço elogios como o seu e o de outros amigos fico mais tranquilo quanto ao trabalho. Obrigado.
Ron Groo
Ps. Perdoe-me a verborragia.

Felipão disse...

Me parece que RCTV está transmitindo via internet, muito pouco para um povo que, em sua maioria, não tem um computador em casa. Agora, reconhecer a China como economia de mercado, foi a maior bola fora da história...

Felipe Maciel disse...

Depois da ofensa, o congresso reagiu. Em um dos discursos, foi usado um termo interessante para se referir ao agressor: "aprendiz de ditador". Só pra contar. Achei curioso.
Bom saber desse artigo I do Protocolo de Ushuai, uma amostra do absurdo que foi incluir a Venezuela no bloco. É lamentável. Um erro gerando outro. Como se não bastasse o fato de terem desrespeitado o tratado, ainda favoreceram ao neopopulismo na América.

Marcus,
agradeço por todos os elogios. Fico honrado sempre, sobretudo, quando eles partem de pessoas como você e o Groo, que possuem um dom invejável para a escrita, cada um ao seu estilo.
Também adorei aquela expressão, layout clean, ela é perfeita! É exatamente o que penso. Gosto dessa simplicidade. Acredito que quem não é admirador desse formato, ao menos não tem motivos para se opôr a ele. De fato, aprecio páginas assim, muito melhor que certos sites infestados de flashes e efeitos legais, que colocam a beleza em primeiro lugar e deixam em segundo plano o objetivo principal daquele domínio. Mas isso é pessoal, particularmente penso desse jeito; você que é especialista em marketing deve saber até que ponto um é melhor que o outro. Eu realmente prefiro assim, imagino que não mudaria caso me oferecessem um template diferente e arrojado, mesmo que fosse considerado mais bonito de forma unânime. Como me deu a nota máxima, provavelmente devo estar pensando corretamente, acredito eu.
Sobre a faculdade, curso Engenharia de Produção na Uenf. Durante o meado do ano passado, eu pensava seriamente em fazer o ensino superior na Cândido, mas, no final, acabei optando por uma universidade pública.
A única particular que me veio à cabeça foi justamente a Cândido, ouvi dizer que era uma excelente faculdade. Também cogitei as seguintes possibilidades: Cefet e Uenf. Fiquei com a última, uma universidade de alto nível, sem dúvida, o grande problema é que é do governo.
E, por fim, Búzios. Pra falar a verdade, conheço mesmo de nome, apenas. Minha cidade de férias é Guarapari, no Espírito Santo. Também é muito boa.

Abraços, até a próxima